Análise: Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl


Quinze anos após os lançamentos de Pokémon Diamond e Pokémon Pearl, os tão aguardados remakes já estão disponíveis, como parte das comemorações dos 25 anos da franquia Pokémon. Pokémon Brilliant Diamond e Pokémon Shining Pearl foram lançados em 19 de novembro de 2021 para o Nintendo Switch e, pela primeira vez, os jogos principais da franquia não foram desenvolvidos pela Game Freak, mas sim pela ILCA, empresa que já havia trabalhado em Pokémon HOME, mas até então não tinha experiência no desenvolvimento de um game por completo.

Será que a missão de revisitar a região de Sinnoh foi bem executada? Confira na nossa análise!

Novo visual, mesma narrativa

Pokémon Brilliant Diamond e Pokémon Shining Pearl recontam a história apresentada nos jogos lançados em 2006, em que um jovem treinador da região de Sinnoh parte em uma jornada com o objetivo de completar seu Pokédex, enquanto enfrenta treinadores e líderes de Ginásio, desafia a Elite 4 e sua campeã, Cynthia, e se depara com a Equipe Galáctica em um plano de recriar o mundo através dos poderes de Dialga e Palkia. Todo o enredo é fielmente reproduzido nos novos jogos, sem grandes mudanças.


As escolhas de estilo artístico, como o visual chibi e a manutenção da estrutura de rotas e cidades, também se inspiram diretamente nas primeiras versões, com o claro objetivo de evocar as lembranças de quem já explorou Sinnoh anteriormente. Até a interface dos menus, aqui renovada para se adequar a jogabilidade no Nintendo Switch, é baseada na identidade visual dos jogos originais.

A trilha sonora também é outro elemento que contribui no fator nostalgia: se as versões originais já possuíam composições marcantes, os remakes trouxeram rearranjos caprichados, que podem até fazer com que você fique parado em rotas e cidades só para apreciar as músicas! Elas inclusive mantêm a dinâmica dos jogos originais, que traziam versões diurnas e noturnas.

Todos esses fatores reforçam nitidamente a proposta de fazer um jogo sem grandes novidades, retratando com exatidão os jogos originais e buscando, através da nostalgia, atingir quem já se aventurou em Sinnoh, ou simplesmente apresentá-la da maneira mais original possível a quem nunca teve contato com tal região.

Gráficos


Se o trailer que apresentou os jogos pela primeira vez deixou muitos fãs preocupados pela simplicidade dos gráficos apresentados, a versão final oferece um grande aperfeiçoamento, com bons gráficos, texturas mais detalhadas e melhorias na iluminação. O destaque fica para os cenários dentro das batalhas, nunca tão bem variados e detalhados.

As animações dos treinadores adversários, quando as batalhas se iniciam e se encerram, também surpreendem pela expressividade (destaque para a do Nadador, lançando sua PokéBola de forma bem peculiar!), dando um carisma a personagens que não costumamos dar tanta atenção.


Entretanto, com um olhar mais atento, percebe-se a falta de capricho em alguns aspectos: modelos de muitas construções no overworld pecam pela excessiva simplicidade, e no geral, a composição de luz e sombra não agrega personalidade ao visual dos personagens e Pokémon, diferente do que acontecia em jogos anteriores lançados para o Nintendo Switch.

Por outro lado, detalhes técnicos como a reflexão em tempo real em pisos e água, além da minuciosa texturização nas roupas de alguns personagens demonstram que havia sim a intenção de fazer gráficos mais elaborados, mas os pontos negativos citados acima denunciam uma possível falta de tempo no refinamento de todas as questões técnicas envolvidas. O saldo é positivo, são gráficos muito bonitos, mas poderiam ir mais além.


Mecânicas da atual geração estão presentes

Apesar da proposta de retratar fielmente os jogos base, Pokémon Brilliant Diamond e Pokémon Shining Pearl apresentam recursos da geração atual que já estamos acostumados. A personalização do protagonista é um exemplo: apesar de bem-vinda, as opções de roupas disponíveis nos remakes são bem limitadas, em comparação aos jogos anteriores.

Outras mecânicas, como a presença do compartilhamento de experiência entre os Pokémon, a possibilidade de acessar a Box sem ir ao Centro Pokémon e a indicação da próxima missão a ser feita também estão presentes, e deixam a experiência de jogo mais prática e fluida, diferente do arrastado progresso que os jogos originais proporcionavam.


Os novos jogos também contam com a possibilidade de o protagonista se deslocar na diagonal, algo que já acontecia desde a estreia do ambiente em 3D nos jogos principais. Porém, durante a jornada você pode se ver esbarrando em paredes e quinas nos lugares mais apertados, e acabar testando sua paciência para seguir viagem. Esse problema se intensifica ainda mais ao usar a bicicleta, sendo quase impossível não esbarrar em algum obstáculo.

Outra mecânica, que é especialmente lembrada pelos fãs, também aparece nos remakes: o Pokémon seguindo o treinador. Aqui, o recurso fica disponível assim que é acessado o Amity Square, na cidade de Hearthome. É um lugar onde você pode passear com 6 de seus Pokémon ao mesmo tempo; no entanto, apenas os considerados “fofos” são liberados para a caminhada. Após o primeiro passeio, já é possível selecionar um de seus parceiros para te acompanhar no jogo inteiro.


Apesar de positiva a iniciativa de resgatar esse recurso, alguns detalhes desapontam, como o fato de o Pokémon ficar frequentemente encurralado em paredes ou em NPCs, por não seguir necessariamente o rastro de seu personagem.

A decisão de não os colocar proporcionalmente ao tamanho do treinador não desagrada tanto, até porque muitos Pokémon já carismáticos conquistam pela fofura, como se fossem versões em miniatura. Porém, um pequeno ponto gera incômodo: ao comparar um Staraptor de sua equipe com o mesmo Pokémon, que é chamado quando o movimento Fly é acionado, a gritante diferença de tamanho entre os dois demonstra certa inconsistência nessa escolha.


Funcionalidades clássicas voltam repaginadas

Além das mecânicas atuais, os novos jogos também resgatam clássicas funcionalidades dos jogos de 2006, como a bicicleta de duas marchas, a criação de Poffins, as árvores com Honey para atrair certos Pokémon, a presença do PokéRadar entre outros que iremos destacar a seguir.

Pokétch

O Pokémon Watch, dispositivo eletrônico usado por treinadores em Sinnoh, também está nos remakes, e felizmente contém os apps originalmente presentes, como o relógio, a calculadora, o verificador de amizade entre tantos outros.

E, nos novos jogos, é através desse dispositivo que são utilizados os antigos Hidden Machines (HMs), que agora se chamam Hidden Moves, em que Pokémon selvagens são chamados para usar movimentos úteis no progresso da jornada, como Cut e Strenght. A utilização desse recurso agora se dá de uma forma bem mais amigável, sem a necessidade de ensinar esses movimentos aos Pokémon de sua equipe.


Porém, a praticidade que um console de duas telas como o Nintendo DS proporcionava ao Pokétch não se repete no Nintendo Switch: a necessidade de sempre se apertar um botão para acessá-lo e o fato de não poder deslocar-se com o personagem durante o uso dos apps (usar o Dowsing Machine é o maior exemplo disso), torna a experiência por vezes cansativa. Além disso, a solução visual – um retângulo seco no canto superior direito da tela – não parece bem resolvida; o dispositivo poderia ser apresentado de forma mais orgânica na tela.

Ball Capsules

A mecânica de personalizar suas Poké Bolas também está presente nos novos jogos. A todo o momento durante sua jornada, você recebe stickers de NPCs e até mesmo dos líderes de Ginásio. Essas figurinhas podem ser coladas em uma cápsula, que depois é aplicada na Poké Bola do Pokémon que desejar. O recurso é bem fácil de ser acessado – no próprio menu do jogo – assim como o processo de personalização, que pode ser feito através da escolha entre uma visualização 2D ou 3D da cápsula.

Super Contest Show

Outra mecânica dos jogos originais que foi readaptada é o antigo Super Contest, torneio realizado na cidade de Hearthome em que os Pokémon são avaliados através de seus visuais e performances, que aqui foi rebatizado de Super Contest Show.

Em um primeiro momento, os visuais dos Pokémon são avaliados com base em suas estatísticas (atributos como Beauty e Coolness, que podem ser aumentados ao alimentar Pokémon com Poffins) e na personalização das Ball Capsules. Logo depois, há uma competição de dança, que é feita através de um minigame em que é necessário apertar um botão do controle conforme o ritmo da música. Durante a dança, ainda é possível ativar um Contest Move para bonificar sua pontuação.

A novidade é que agora é possível competir com seus amigos, através da comunicação online ou local.

Grand Underground

O Grand Underground, área encontrada no subterrâneo da região de Sinnoh (assim como em Diamond e Pearl), é uma das maiores surpresas dos remakes, e certamente se mostrou como a melhor mecânica desses novos jogos.

A tarefa de escavação com uma picareta e uma marreta para obter variados itens está muito bem elaborada, com a opção de utilizar os controles ou a tela touch do Switch. Para quem não teve a oportunidade de explorar o subterrâneo nos jogos originais, aqui a funcionalidade é bem explicada e fácil de usar. As Secret Bases também estão presentes, e agora é possível colocar estátuas de Pokémon, que podem ser encontradas durante o processo de escavação.


Mas a grande novidade fica com a adição do Pokémon Hideaways, espaços onde são encontrados diversos Pokémon selvagens, muitos deles disponíveis apenas nesses locais, que variam de ambientes vulcânicos, gramados até cavernas congeladas. Esses esconderijos possibilitam que o treinador possa capturar uma variedade de Pokémon logo nas primeiras horas de gameplay.

Jogando sozinho ou com os outros treinadores online, você ainda pode aumentar as chances de achar um Pokémon Shiny ou de escavar itens raros ao coletar 40 pontos, encontrando Diglett e Dugtrio que podem aparecer nos caminhos durante sua exploração. Toda a experiência proporcionada pelo Grand Underground pode te levar a ficar por um bom tempo no subterrâneo de Sinnoh!


O pós-game e o Ramanas Park

Logo após completar a história principal, outras tarefas estão disponíveis para serem feitas, como já de costume. Entre elas, completar o Pokédex, bastando visualizar os 151 Pokémon encontrados originalmente na região de Sinnoh, para então receber do professor o National Dex, que está de volta aos jogos principais da franquia, mas que aqui considera apenas os Pokémon presentes até a 4ª Geração.

Outro destaque no pós-game é o Ramanas Park, área que substitui o antigo Pal Park, e que serve como meio de capturar Pokémon Lendários de diferentes gerações. No entanto, para encontrá-los, é preciso obter Slates correspondentes a cada Pokémon, que podem ser adquiridos ao trocá-los por Mysterious Shards encontrados nas escavações do Grand Underground.

O design das Slates, com visual que faz referência aos cartuchos correspondentes aos jogos em que cada Pokémon é originalmente encontrado, é bastante interessante, utilizando mais uma vez da nostalgia para fisgar os fãs.


Há outras atividades para serem feitas logo após zerar o game, como capturar Pokémon Lendários e Míticos espalhados por Sinnoh ou ir em busca de Pokémon Shiny através do PokéRadar. Mas nos novos jogos, infelizmente, não encontramos qualquer arco narrativo que agregue ao enredo dos jogos, como já foi feito em remakes como Omega Ruby e Alpha Sapphire.

Conclusão

Pokémon Brilliant Diamond e Pokémon Shining Pearl utilizam principalmente da nostalgia para reapresentar Sinnoh ao público, com visualidade e narrativa que seguem fielmente os jogos base, sem grandes pretensões ou inovações. É o jogo para quem quer apenas revisitar Sinnoh, com gráficos e dinâmicas atualizadas para os dias atuais.


Apesar dessa proposta simples não atrapalhar a experiência geral, os jogos passam uma sensação de que “poderia ser algo mais”, não só pela falta de ambição, mas também pelas falhas técnicas, tanto nos gráficos quanto na experiência no uso de algumas funcionalidades. A escolha de uma versão conservadora, sem a adição de recursos empolgantes ou novas histórias, comparado ao que já foi feito em remakes anteriores, decepcionam aqueles que esperavam por novidades.

Mas para quem já estava ciente de que seriam recriações exatas aos jogos originais, sem dúvida é um bom jogo para se entreter, com uma Sinnoh bem representada, ambientes bem construídos, a interessante história que envolve a Equipe Galáctica e o mistério por trás dos Pokémon Lendários, fora as mecânicas como o Grand Underground, que com certeza irão garantir boas horas de jogo.

Para os ansiosos por inovação, agora é esperar que a ousadia e a surpresa venham daqui a pouco, com o já aguardado Pokémon Legends: Arceus.

Agradecemos à Nintendo por conceder a chave do jogo para análise.
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Lucas Botelho

Graduado em Design Gráfico pela UFRJ, desde pequeno acompanhava Pokémon através do anime, mas se tornou fã da franquia em 2008, quando a série voltava à TV aberta, explorando então os outros ramos da franquia, do TCG ao videogame. Atualmente, encontra na PBN a oportunidade perfeita de colaborar com a comunidade Pokémon através do design. behance external-link

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