Esteticamente falando, a animação sofreu uma repaginada para acompanhar a era HD da televisão, com o traço dos personagens atualizados e CGI menos datado que os utilizados em Diamante e Pérola, o que foi muito bem-vindo. Porém, no que se refere a roteiro, as mudanças foram um tanto quanto questionáveis.
A começar pelo “soft-reboot” no protagonista, reduzindo o Ash a um personagem que parece que acabou de sair do laboratório do Professor Carvalho para dar início a sua eterna jornada para ser o Mestre Pokémon. As mudanças na personalidade do protagonista, que vinha em uma crescente (mas sempre lenta) evolução como personagem, foram difíceis de engolir. Seja porque ele estava usando a Pokédex para “conhecer” um Pokémon que já tinha visto durante sua jornada, seja porque o Pikachu foi derrotado por um Snivy que tinha acabado de sair do laboratório - independentemente de qual justificativa o anime invocava, era difícil aceitar que esse Ash era o mesmo que tinha alcançado o Top 4 numa liga ou até mesmo vencido a Batalha da Fronteira.
Se não bastasse a estranheza com esse “novo” Ash, os seus parceiros de jornada pela região de Unova, Iris e Cilan, não foram muito bem recepcionados por parte da comunidade. Quanto a Iris, a personagem demorou muito para ser desenvolvida e, por mais da metade da série, serviu como uma tentativa frustrada de reviver os tempos de Misty. Já quanto ao Cilan, ele não agregava muito para a narrativa, sequer tendo momentos relevantes durante toda a série.
Porém, apesar dos vários pontos negativos, em retrospectiva, é possível perceber várias ideias interessantes que a 5ª Geração se valeu no anime: amadurecimento da Equipe Rocket (que durou uns dez episódios), Equipe Plasma, N, Reshiram... Mesmo assim, esses enredos não ajudaram a melhorar a imagem da série, seja porque os arcos foram explorados muito tardiamente, seja pelo seu completo abandono no decorrer da temporada.
Mas o que será que a produção do anime poderia ter feito para reverter a situação de Pokémon Preto & Branco? Com a série já encerrada, apenas nos resta aceitá-la do jeito que foi concebida. Mas, ainda assim, é possível fazer suposições sobre quais mudanças na narrativa poderiam ter sido adotadas e, quem sabe, melhorariam a imagem da série.
Sendo assim, aqui vão três sugestões do que poderia tornar Preto & Branco mais interessante de acompanhar.
Iris rival do Ash
Dessa forma, trazer a personalidade de Iris dos jogos da 5ª Geração, estabelecendo a personagem como uma treinadora Pokémon habilidosa e criando uma rivalidade com Ash desde o início, seria uma experiência bem mais divertida de acompanhar. Os dois até poderiam continuar sendo parceiros de jornada, com um ajudando o outro no amadurecimento como treinadores.
Além do mais, se Iris tivesse sido figurada como rival do Ash nos tempos de Preto & Branco, o confronto dos dois no Campeonato da Coroação Mundial em Jornadas Pokémon teria sido mais verossímil e mais empolgante de acompanhar depois de tantos anos.
Fidelidade aos Jogos
Do pouco que temos de história dos jogos no anime Preto & Branco com o arco do N, a série conseguiu trazer um foco que, até então, restringia-se apenas aos filmes. Talvez se os eventos da Equipe Plasma e do N tivessem sido apresentados desde o início, a percepção do público seria diferente.
Um Novo Protagonista
Ter um personagem com um objetivo tão em aberto e, ao mesmo tempo, com tantas aventuras na bagagem, faz com que Ash seja uma constante que ficará para sempre no mesmo ponto enquanto outros personagens chegarão, se desenvolverão, e partirão para suas aventuras “off-screen”.
Trazer um novo protagonista para uma produção que, literalmente, não tem fim, é uma solução que outras franquias japonesas encontraram para se manterem atuais e relevantes, e isso está presente até mesmo em Pokémon, como no caso dos jogos e dos mangás, com personagens e histórias independentes.
O fato é que o anime de Pokémon necessita de um novo protagonista há bastante tempo e uma grande oportunidade para testar um novo herói seria em Preto & Branco. Pelo menos, anos mais tarde, tivemos a aparição de Goh, que é um refresco para a franquia - e ainda continuamos com o Ash, que permanece sendo divertido de acompanhar.
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