Primeiro volume de Pokémon Adventures. O início da jornada!
Nova mídia, novas possibilidades
Em meados da década de 1990, uma febre mundial se alastrou em torno de Pokémon. Seja por meio de um Game Boy, ou pelo desenho animado na TV, milhões de pessoas se encantaram com esse fenômeno. Mediante a esse sucesso estrondoso, inúmeros produtos foram lançados e, consequentemente, por nascer no país nipônico, o mangá foi criado. Munidos de papel e nanquim, Hidenori Kusaka (história) e Mato (arte - volumes 1 ao 9), iniciaram essa saga que continua até os dias atuais, sempre cobrindo a geração regente dos jogos.A liberdade criativa que os quadrinhos oferecem foi a cereja do bolo necessária à franquia. Os jogos, por terem limitações de espaço digital, e o anime, que muitas vezes serviu para fins publicitários, não permitiam um mergulho a fundo no universo. Entretanto, com uma folha em branco e talento de sobra, essa dupla de autores abririam as portas para novas perspectivas as quais os fãs desejavam. Batalhas mais realistas? Temos! Histórias mais complexas? Claro! Construção de personagens? De sobra! A magia dos mangás de cativar com enredos bem elaborados e de personagens carismáticos, soma-se agora a essa marca tão popular.
Nem sempre temos que pegar
A premissa inicial é simples: capturar, treinar e batalhar. Essa mentalidade foi essencial para o sucesso da franquia e graças a ela nos apaixonamos. Porém, isso é tudo? Ironicamente, o mangá se destaca por fugir do famoso "Gotta Catch 'Em All!". Claro que um dos objetivos apresentados é completar a Pokédex e coletar dados de todos os Pokémon existentes, mas e se houver algo a mais? Aqui a chave se chama exploração! Exploração do continente, de uma cultura própria, de uma mitologia criada para aquela região. Exploração de novas profissões e novas maneiras de usar acessórios, até então, simplórios ao olhar dos fãs. Uma vara de pescar vai além de apenas capturar Magikarp, vilões possuem objetivos maiores do que capturar um Pikachu e a jornada clássica de ser o maior treinador de todos, em alguns momentos, é opcional."Este é o mangá que mais se parece com o mundo que eu estava tentando transmitir", disse Satoshi Tajiri, criador de Pokémon. As inúmeras maneiras de vivenciar isso são apresentadas ao longo dos arcos, sendo uma ótima oportunidade para novos e antigos admiradores da marca.
Uma excelente história...
Mudanças sempre são acompanhadas de incertezas. Toda vez que uma geração nova é lançada, a comunidade se acaba em especulações. Será que a jogabilidade vai mudar muito? Como fica o gameplay? Bem como toda vez que o anime entra em um novo arco, surgem dúvidas de como será abordado os futuros episódios. Em Pokémon Adventures não é diferente. Felizmente, a construção do enredo sempre é segura e bem estruturada. Os novos personagens possuem objetivos bem determinados, além de possuir uma história sólida e coerente.É incrível como Hidenori Kusaka tem a história na palma da mão, refletindo em anos envolvido na mesma obra. Ligações com sagas anteriores, reviravoltas e motivações fascinantes são alguns elementos que o mangá nos proporciona. Além disso, cada personagem possui uma personalidade única, com habilidades diferentes e que se somam no desenvolvimento dos arcos, sem falar na construção dos relacionamentos entre eles - amizade, rivalidade e (quem diria) até romance, tudo isso podemos encontrar.
... com uma arte incrível
Para se construir um bom mangá, a parte gráfica é essencial. A história pode ser incrível, mas se não houver conexão com a arte, boa parte da mensagem pode ser perdida. Todavia, podemos ficar tranquilos em relação a isso, pois o autor possui uma ligação sensacional com seus artistas. O responsável inicial pelos desenhos foi Mato, mangaká que ficou à frente até o nono volume, com traços simples mas precisos, ele foi importantíssimos para apresentar a obra ao mundo. A partir do décimo volume, o cargo ficou nas mãos talentosas de Satoshi Yamamoto, o qual manteve a qualidade e consolidou de vez a série.Elementos em comum são encontrados nos traços dos dois artistas, principalmente nos desenhos dos cenários e no enquadramento. Vale ressaltar o afinco nos detalhes, principalmente em componentes clássicos da franquia. O design da Pokédex mostrando todas as suas funções, por exemplo, e no detalhe das Poké Bolas onde conseguimos ver os sentimentos e expressões dos Pokémon, mesmo estando dentro dos itens de captura, são pontos chaves que destacam a qualidade excepcional da HQ.
Claramente o foco principal é a caracterização dos Pokémon. Entra em cena uma gama de alternativas para representar diversas situações, tanto em batalhas, com em um simples passeio na Floresta de Viridian. Agora finalmente podemos ver como realmente seria surfar sem aparecer um Lapras do nada, ou ver uma luta mais intensa observando claramente técnicas e habilidades. Por fim, sempre se fala no teor mais adulto do mangá devido a quadros de lesões físicas nos duelos (R.I.P. Arbok), mas não inicie a leitura buscando apenas esse aspecto, pois ele é usado somente como um complemento para a situação em questão, não como objetivo principal da obra.
A transparência nas Poké Bolas nos permite observar as expressões dos Pokémon em vários momentos.
A liberdade que os artistas possuem é o que diferencia essa mídia das outras, a concordância entre arte e história possui uma sinergia espetacular, transportando qualquer fã para sua região favorita. A possibilidade de enxergar o mundo Pokémon de maneira diferente, a história carismática e a linda arte exibida, torna a leitura de Pokémon Adventures indispensável para qualquer um que já sonhou em sair de casa aos 10 anos tendo apenas um Pokémon no bolso.
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Mangá