Escrito por: Iago Seo
A franquia Pokémon completou neste ano (2021) 25 anos de existência. Ao longo desse tempo, emoções, paixões e experiências adentraram-se em nossos corações graças a essas criaturas de bolso. E desde 1996 – com o lançamento oficial dos jogos Pokémon Red, Blue e Green –, os jogadores tiveram um deslumbre inicial do que viria a se tornar uma das maiores franquias de jogos do mundo, com um cenário competitivo ímpar.
Com o decorrer dos dias, fomos presenteados com os Trading Card Games (TCG), Pokkén Tournament, Pokémon GO, VGC, até chegarmos em 21 de julho de 2021, com o lançamento oficial de Pokémon Unite no Nintendo Switch: o primeiro MOBA da franquia. Vale ressaltar que o jogo tem lançamento confirmado para smartphones no dia 22 de setembro.
Com isso em mente, o que podemos esperar do “LoL de Pokémon” nos próximos trimestres? Será que podemos imaginar como será o cenário competitivo disso, com base no que já vivenciamos entre os campeonatos regionais, internacionais ou até mesmo o mundial?
Afinal, o que é MOBA?
Antes de mais nada, é substancial explicar do que se trata essa modalidade tão presente no cenário competitivo dos e-Sports. “Trata-se de um jogo de combate e estratégia de player contra player, tendo como objetivo destruir a base inimiga”, resumiu Carlos Fonseca Jr, CEO da CNB e consultor de e-Sport no Brasil.
Com títulos populares, como League of Legends, Dota 2 e Smite, MOBA (Multiplayer Online Battle Arena) trata-se de um estilo de mecânica com 10 jogadores – 5 em cada time – em que lutam por
controle da base inimiga, e, normalmente, cada personagem conta um kit de habilidades ao longo da partida. Cada personagem conta com características e mecânicas únicas, entre as quais permitem que possam ser trabalhadas infinitas possibilidades de jogadas até ter o domínio sobre a base inimiga.
No entanto, em Pokémon Unite criou-se uma distinção com relação ao que estamos habituados a ver. Esse tópico será abordado ao longo da matéria.
O Competitivo
Uma competitividade amigável sempre é saudável, não é mesmo? Estimula nosso cérebro a utilizar lógica e coordenação motora, além de nos proporcionar boas amizades - e a TPCi sempre trabalhou em torno de seus jogos com um olhar sobre isso. E nos últimos anos, a empresa tem se superado com os eventos e campeonatos que ocorrem ao redor do mundo, abrangendo sempre diversas categorias associadas à Pokémon – TCG, VGC, GO, Pokkén. Essa jogada sempre foi muito bem feita por parte da The Pokémon Company, possibilitando que uma diversidade de jogadores ao redor do mundo – independentemente de suas classes sociais – pudessem ter a experiência e acesso aos seus produtos e jogos.
Com isso em mente, um MOBA da franquia era mais do que previsível e tudo tratava-se de uma questão de tempo. O estrondo que o estilo de gameplay vem apresentando nos últimos 10 anos implicou diretamente à isso.
Carlos explicou sobre o que se deu esse crescimento do e-Sport no Brasil:
“O público gamer brasileiro acompanha muito. Começou quando começaram a ocorrer as transmissões e tudo a ser estruturado no Brasil! [...] com os times, em contrapartida, investindo nos jogadores com contratos, e isso começou a chamar mais atenção do público, trazendo o desejo de “eu também quero ser jogador profissional”
Contudo, a princípio, como seriam tratados os campeonatos? Estariam juntos ao VGC e TCG nos internacionais, regionais e até o mundial? Quais times conhecidos hoje pela mídia estariam dispostos a investir em Pokémon Unite, um jogo exclusivamente para Nintendo Switch e Mobile?
“Era tudo organizado pelos próprios fãs! Era raríssimo o apoio das empresas para os campeonatos e até da própria desenvolvedora” – relatou Carlos, sobre os eventos e jogos no início do esporte no país.
Tendo em vista o tempo e o fato de que a própria TPCi vem se interessando cada vez mais pelo cenário competitivo de Pokémon e se aplicando nisso pelos últimos 12 anos, podemos especular que a empresa entraria firme em investimentos para o Unite.
Vale ressaltar que o time sul coreano SKT1, famoso pelos seus jogadores profissionais, como Faker – Midlaner de League of Legends - atualmente conta com um jogador de Pokémon VGC, Sejun Park, campeão mundial de Pokémon VGC em 2014 pela categoria Master. Esse e outros exemplos atualmente circundam o país e o mundo, com times de Pokémon TCG e VGC patrocinados. Distintivamente sobre o passado citado por Carlos, essas ações demonstram que, na atualidade, há um crescimento do interesse por parte das empresas para patrocinar os jogadores e times no cenário de Pokémon. E essa rodada preliminar é fundamental para o crescimento do público e consequente notoriedade da empresa para com seus jogadores.
“No cenário atual, se não tiver apoio da produtora, é muito difícil o jogo vingar, mas, se o jogo não agradar ao público, também não funciona. A empresa, em paralelo, deve ter essa comunicação com o jogadores.” – opinou Carlos sobre a relação “jogador e desenvolvedor”.
O que nos levanta um ponto polêmico dentro de Pokémon: justamente a atenção que a empresa dá para seus fãs, atendendo vagamente aos seus pedidos e necessidades, não somente dentro dos eventos competitivos, mas também de seus produtos. E mais do que nunca, a TPCi deverá fazer um trabalho excepcional, observando as tendências de seu público gamer para o Unite.
A gameplay é um problema em Unite?
Bem, a princípio, nos últimos anos, MOBAs nunca tiveram sorte no diz respeito a versões Mobile ou de consoles. Muitas vezes, esse problema surgiu em decorrência da inconveniência de se jogar utilizando joysticks ou a dificuldade de “lançar as spells” com precisão pelo Touch do celular. Então, como poderia o Unite fazer diferente?
Replicando a fala de Carlos nos parágrafos anteriores, a resposta parece ser evidente: trabalhando bem com o público, investindo no marketing para o jogo e até mesmo concedendo uma boa bagatela nas premiações dos campeonatos. Talvez isso possa fazer com que os times se sintam motivados a investir tempo com o jogo, porque, afinal, treinamento para essa vida de pro-player exige muito dos próprios competidores – e por isso muitas vezes os times investem em infraestruturas de gaming house a esses jogadores e comissão técnica. Resumidamente, atendendo as demandas dos próprios jogadores.
Vale salientar ainda que o e-Sport é protegido no Brasil pela “Lei Pelé”, ou seja, o que define as regras de práticas e contratações legais de esportes no Brasil.
Ainda tratando-se do competitivo, outro ponto que poderia vir a ser um ponto negativo para os jogos ocorrerem é novamente o “fator tempo”. Diferentemente de LoL, Dota ou Smite, Pokémon Unite traz um sistema de “corrida contra o tempo”. Isto é, ao invés do relógio ir contando ao longo da partida, ele é cronometrado a partir dos 10 minutos. Esse pequeno ponto faz com que as partidas sejam muito rápidas e frenéticas, impossibilitando muitas vezes de trabalhar uma estratégia adequada para com diversas situações – como, por exemplo, o momento certo para se realizar um cerco, ou quando forçar uma “skirmish”.
Todavia, isso se dá pela macroplay (mecânica externa do jogo ou jogador) ímpar do jogo: o sistema de pontuações para cada Poké Bola enterrada. O que é coeso com a questão do tempo cronometrado, e, além disso, é uma maneira que encontraram para se distinguir dos demais estilos de MOBA. Ainda assim, por conta dessa mecânica de gameplay, o jogo pode vir a não agradar ao público. Muitas vezes a emoção de assistir a um jogo entre duas equipes é justamente o tempo que ficamos afeiçoados em frente às nossas televisões ou monitores. De fato, a sensação de ansiedade para saber qual será a conclusão das partidas.
Ainda assim, nos últimos meses foi lançado oficialmente o Wild Rift, a versão mobile do próprio League of Legends. E com isso, diversos times já conhecidos pelo público pretendem ou já estão investindo em equipes para essa categoria em específico. Portanto, mesmo com as adversidades em questão de gameplay, a versão mobile vem recebendo sua credibilidade e atenção do público, que, inclusive, poderá vir a ser o futuro jogador de Unite.
Então, o que podemos de fato esperar de Pokémon Unite?
Ao analisarmos todo o contexto competitivo do e-Sport, a relação de Pokémon com o público, investimentos e mudanças que possam vir a ocorrer, Unite não está distante de se tornar um jogo competitivo popular no mundo, vindo até a se tornar uma categoria dos eventos oficiais da empresa.
Contudo, não podemos ser tão presunçosos sobre o tratamento que os jogadores e times poderão receber por parte da desenvolvedora, já que isso pode nos conduzir para desilusões nessa utopia. Apesar disso, Pokémon Legends: Arceus é o próximo grande jogo da franquia – atendendo as aclamações dos fãs de um jogo Pokémon de mundo aberto. Então, podemos esperar pelo inesperado! Se tomarem como referência as iniciativas que outras desenvolvedoras tem tido com seus jogos para o público e o cenário competitivo, poderíamos ver Pokémon atingindo uma grande escala de fãs tão semelhante quanto.
Vale ressaltar que o jogo se encontra nos seus patchs (versões) iniciais e sua chegada para mobile será apenas em 22 de setembro. Nesse sentido, muitas mudanças ao longo dos próximos trimestres podem ocorrer para melhor adequar-se aos jogadores e a um eventual cenário competitivo.
E vocês, estão ansiosos para jogar Pokémon Unite? Deixem sua opinião!
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