Antes de disputar um torneio, é essencial saber decidir qual o deck que você vai utilizar. Parte dessa escolha deve ser motivada analisando não só o metagame, como os arquétipos existentes no jogo para encontrar aquele que mais te agrada, bem como escolher um que se aproxime mais do seu estilo de jogo.
“Arquétipos” são modelos básicos que alguns decks adotam em sua construção, possibilitando reconhecer características comuns entre esses baralhos, especialmente no que toca ao seu modo de jogo. Vale destacar que, ao definir um deck como sendo de um arquétipo, essa classificação não se torna exclusiva. Os baralhos tendem a misturar elementos dos mais variados arquétipos para que consigam enfrentar a grande variedade de adversários possíveis, especialmente nos torneios de maior escala, apesar de sempre possuir um deles mais aparente.
Essa classificação serve para que consigamos estabelecer um modelo geral para o deck que está sendo analisado e, assim, compreender de forma global o que ele faz. Vamos analisar alguns arquétipos que encontramos hoje em dia no formato Padrão, que compreende desde a coleção Sol e Lua: União de Aliados até a recente Espada e Escudo: Estilos de Batalha.
Aggro
Todo esse dano pesado nos primeiros turnos do jogo não sairia de graça: baralhos desse arquétipo tendem a um alto consumo de recursos, o que faz com que acabem perdendo força se a partida se prolonga por muito tempo, sendo possível que “viradas” aconteçam caso o jogo não seja fechado no momento certo.
Considerando a recente coleção Estilos de Batalha, um deck bastante agressivo que surgiu foi o de Urshifu Golpe Decisivo-VMAX / Houndoom. Com a habilidade “Rugido Golpe Decisivo” de Houndoom, é possível promover uma rápida aceleração para o Urshifu Golpe Decisivo-VMAX, causando danos insanos à mesa do oponente, especialmente com o bônus de dano promovido pela Energia Golpe Decisivo.
Outro exemplo de baralho extremamente agressivo e capaz de altos danos em nosso atual formato Padrão (vigente até 10/09/2021) é o de Eternatus-VMAX. Com sua habilidade “Zona Eterna”, ele possibilita ao jogador expandir o seu banco para até 8 Pokémon, ao custo de permitir que apenas Pokémon do tipo Escuridão sejam usados. Assim, por duas energias (uma de escuridão e uma incolor), Eternatus-VMAX causará 30 pontos de dano ao Pokémon ativo do seu oponente vezes a quantidade de Pokémon do tipo Escuridão que seu controlador possuir em jogo (tabuada do 3 manda abraços aqui).
Dessa forma, Eternatus-VMAX pode contar com o auxílio de Crobat-V para conseguir comprar mais cartas e aumentar o dano de seu ataque, além de Zigzagoon de Galar que, com sua habilidade “Cabeçada Birrenta”, permite ao jogador colocar um contador de dano em um dos Pokémon do oponente quando o baixa da mão para o banco. Essa duplinha é uma ótima tática para aumentar o dano agressivo de Eternatus-VMAX e garantir a consistência necessária para partida e os nocautes para vencer.
Midrange
O termo midrange pode ser compreendido como “intervalo médio” (ali pelo meio do caminho). Ou seja, pode ser entendido como sendo o baralho que costuma ter um desempenho melhor conforme a partida vai se prolongando. Uma característica interessante dos decks midrange é a de que eles mesclam características agressivas e defensivas podendo adotar, a depender do adversário e do desenrolar da partida, estratégias mais ou menos agressivas.
Essa versatilidade dos baralhos midrange permite que eles sejam uma ótima escolha, especialmente na mão de jogadores bem treinados e que conhecem profundamente as possibilidades da lista que vier a ser escolhida. Vale salientar que é importante ter um conhecimento essencial dos demais baralhos que compõem o metagame para saber contra que tipo de adversário é melhor adotar uma estratégia mais agressiva e contra qual uma estratégia defensiva tende a render melhores resultados.
Um ótimo exemplo de deck com essas características é o de Pikachu e Zekrom-GX / Raichu e Raichu de Alola-GX / Boltund-V. Pikachu e Zekrom-GX, o popular “Pikrom”, tem se mostrado extremamente versátil e se mantido relevante no metagame desde o seu lançamento, sempre se reinventando. Atualmente, conta com a ajuda de Boltund-V, com ataque “Eletrificar” para acelerar energias e da carta Martelo Esmagador, para atrasar o jogo do adversário.
Não bastasse isso, há ainda o combo grandioso de Raichu e Raichu de Alola-GX e seu ataque “Choque em Parelha”, capaz de paralisar o Pokémon adversário, especialmente em momentos da partida em que os recursos já estarão mais escassos. Essas cartas ainda podem contar com o grande auxílio de Mewtwo e Mew-GX para copiar os ataques dos Pokémon-GX que melhor auxiliarem no momento, além de modificar o tipo do ataque e da fraqueza.
Outro exemplo muito popular de baralho midrange no metagame atual é a turma metaleira: Lucario e Melmetal-GX / Zacian-V / Zamazenta-V. Nesse baralho, a versatilidade fica ainda mais evidente. O ataque “Muralha Metálica GX” de Lucario e Melmetal-GX garante uma redução de dano durante todo o restante da partida, contando com a possibilidade de ainda descartar as energias ligadas ao oponente. Isso, junto da ferramenta Óculos de Metal, torna esses Pokémon ainda mais difíceis de serem nocauteados.
Os Lobos Lendários, por outro lado, são ótimos atacantes: Zacian-V mais agressivo, enquanto Zamazenta-V é mais técnico e defensivo. Ambos podem e devem ser usados nas partidas, demonstrando a versatilidade já citada dos baralhos midrange contra os mais variados tipos de adversários.
Combo
Como o próprio nome sugere, os decks do arquétipo Combo são aqueles que focam em uma linha de acontecimentos bem definida e que, se acontecerem da forma correta durante a partida, concederão uma vantagem absurda ao jogador que escolheu por esse baralho. As habilidades e os ataques das cartas escolhidas devem ser cuidadosamente escolhidos para manter a sinergia do combo e, assim, alcançar a vitória.
Esse arquétipo é muito interessante para jogar, especialmente pela sensação de satisfação nos momentos em que o combo funciona. No entanto, é importante considerar que esse tipo de baralho poderá encontrar dificuldades quando o adversário conseguir fugir do roteiro imaginado ou o combo não funcionar porque algum de seus elementos falhou ou faltou. Também é fato que, mesmo que você perca a partida, se o combo funcionou ao menos uma vez, você já sairá com uma sensação de prazer da partida!
O grande exemplo de deck combo atual é o de Arceus, Dialga e Palkia-GX (ADP) / Zacian-V (o popular “ADPZ”), especialmente porque esse deck coloca uma grande pressão no adversário. O ADP consegue garantir a compra de um prêmio a mais por nocaute do Pokémon ativo do adversário, enquanto energiza o Zacian-V, que está no banco só esperando para começar a festa com danos pesados. Auxiliado por cartas como Ordem da Chefia ou Pegador Gigante e buscando dar alvo em Pokémon GX e V, que concedem dois prêmios (3, com o GX do ADP), esse baralho consegue finalizar uma partida com extrema velocidade: nocauteou 2, ganhou.
Spread
O nome do arquétipo Spread vem do inglês e significa “espalhar” e isso está diretamente ligado ao objetivo principal desse tipo de deck. Aqui, o foco não está em danos pesados ou nocautes imediatos nos Pokémon de seu adversário, mas em espalhar pontuais e massivas quantidades de contadores de dano pela mesa, de modo a conseguir ou múltiplos nocautes em um turno – o que é especialmente efetivo contra decks que utilizam Pokémon com pouca vida – ou facilitar um nocaute futuro e que também garanta múltiplos prêmios.
Esse arquétipo era muito popular durante a vigência do bloco Sol e Lua, especialmente na temporada de 2018, mas andava um pouco sumido do metagame, especialmente no atual formato Padrão (TEU-BST). Com o lançamento da recente coleção Estilos de Batalha, esse arquétipo voltou com tudo e é muito importante que seja levado em consideração na construção de seu baralho.
O deck responsável pela volta do arquétipo Spread no formato Padrão foi o de Orbeetle VMAX, especialmente com o lançamento de Cheryl, maximizando as possibilidades de cura já existentes com Lulú e Vitória e, por consequência, reduzindo as possibilidades de o adversário conseguir conquistar os prêmios necessários para vencer a partida.
Controle
Por último, mas não menos importante, há o arquétipo de decks Controle. Aqui o objetivo não é causar dano nem pegar os seis prêmios o mais rápido possível. Esse arquétipo objetiva minar os recursos do adversário, negando a aceleração de energia, atrapalhando a mão ou negando habilidades, por exemplo.
Esse tipo de baralho costuma possuir uma grande capacidade de reciclagem de cartas, trabalhando o tempo todo com a pilha de descartes e retornando cartas ao baralho. Como consequência disso e com o objetivo de prolongar da partida, os recursos do adversário se esgotam e o deck de Controle consegue levar o game porque atinge alguma das outras condições de vitória, como o oponente ficar impossibilitado de comprar uma carta no início do próximo turno.
Mesmo dentro do arquétipo Controle, há diferenças relevantes na construção dos baralhos. Por exemplo, um deck bastante popular no formato Padrão e que se encaixa nesse arquétipo é o que ficou conhecido como “Excadrill Hand Lock”. Esse nome se dá porque, em determinado momento da partida, o jogador vai conseguir travar o oponente em uma situação sem saída: sempre sem cartas na mão e sempre comprando algo que não o vai ajudar durante o turno.
Para isso, utiliza-se de cartas como o Excadrill que, com seu ataque “Rototiller”, permite escolher 4 cartas da pilha de descartes e retorná-las ao deck. Junto do Carimbo da Recomposição, forçando o oponente a comprar cartas iguais ao número de seus prêmios restantes, Machadinha de Gelo, para controlar a carta a ser comprada pelo oponente no próximo turno e do apoiador Jessie e James, esse combo poderoso está completo, para a tristeza do oponente e sua satisfação.
Outra vertente do arquétipo Controle se encontra no deck Munchlax / Stall. Nesse baralho, a ideia é retornar recursos para o topo do deck com a habilidade “Buscar Lanches” de Munchlax, evitando sempre que o adversário compre prêmios. Isso pode se dar com a utilização da carta Pokéboneco da Lílian ou, mais apropriadamente, ao simplesmente impedir que o oponente consiga atacar, seja removendo suas energias em campo, seja impedindo que o Pokémon ativo do oponente seja um Pokémon com capacidade de angariar nocautes (por exemplo, buscando um Pokémon suporte, como Crobat-V e “travando-o” na frente com o aumento de seu recuo usando Absol ou Mina de Galar).
Da mesma forma que na outra vertente demonstrada, o objetivo permanece sendo a vitória por meio da eliminação de recursos do oponente, deixando-o sem deck e, por consequência, sem cartas para comprar no início do turno.
Esses são os arquétipos atuais mais importantes que você pode encontrar em Pokémon TCG! Lembre-se que, no geral, os decks acabam guardando elementos de mais de um deles em suas construções, mas se destacando quanto a um. Você pode encontrar mais conteúdo sobre Pokémon TCG competitivo no DragoNews Podcast, disponível nos mais diversos agregadores de podcast. Você pode encontrá-lo clicando aqui.
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