Pokémon GO - O PvP foi um fracasso?

Pokémon GO, desde que foi lançado em 2016, já mostrava que iria se tornar um grande sucesso. A enorme quantidade de fãs da franquia passou a jogar constantemente dizendo que o jogo de realidade aumentara era, sem dúvidas, um sonho de infância sendo realizado. Mas mesmo assim, desde aquela época, Pokémon GO sempre sofreu com um grande problema: uma experiência incompleta.

E a Niantic demorou bastante para liberar uma das funções mais esperadas: o PvP. A única dúvida que nos resta, depois de cerca de 5 meses após Pokémon GO ter inaugurado este modo, é: ele foi um fracasso? Durante as últimas semanas, foi questionado aos integrantes do grupo da PBN no Facebook se eles ainda jogavam diariamente o modo PvP de Pokémon GO. O resultado, que deu inspiração para esta matéria, você confere a seguir:
Por isso, na matéria de hoje, buscaremos entender se o modo tão esperado se tornou defasado e sem graça após um tempo, e, caso isso tenha ocorrido, tentaremos, é claro, entender o motivo que o levou a isso.

Desde o início, acreditava-se que a grande cereja no bolo que faltava para Pokémon GO ser completo era o modo de batalhas PvP. Muitas pessoas até mesmo pararam de jogar após alguns meses alegando que, após certo tempo jogando, o jogo se tornava saturado e sem muitas coisas para fazer - o que acabava por enjoar os jogadores rapidamente. E o surgimento do PvP poderia sanar esse déficit do game.

É preciso salientar, no entanto, que quando Pokémon GO foi lançado, a Niantic era uma empresa extremamente pequena, que jamais poderia imaginar o sucesso que seu jogo iria obter. A maneira crua com que Pokémon GO foi lançado, portanto, pode ser justificada pelo fato de que não havia funcionários suficientes para que uma funcionalidade tão complexa quanto o PvP pudesse ser lançada juntamente com o game - o que obrigou a empresa a ter de aguardar um bom tempo até que fosse madura o suficiente para o lançamento do modo.

Pois bem, após longos dois anos e meio de espera, finalmente a Niantic liberou o tão esperado modo PvP, em dezembro de 2018. E para entender o que aconteceu, precisamos primeiramente contextualizar a maneira como o modo funciona: batalhas 3v3, curtas e rápidas, com sistema similar às Reides e Ginásios (de toques rápidos na tela), com limite de recompensa para uma única batalha com o computador e três batalhas com outros jogadores. Podemos concluir que o modo foi inaugurado um tanto quanto simplório.
E isso rapidamente causou efeitos negativos nos jogadores. A ausência de estratégias, a rapidez, e a ínfima quantidade de recompensas que eram dadas aos jogadores rapidamente fez com que muitos começassem a questionar se era realmente válida a inserção do modo no jogo. A grande verdade é que, levando-se em consideração a maneira com que a funcionalidade chegou ao game, é plausível se pensar que trata-se de uma versão beta do modo. E na verdade, ao que tudo indica, essa é a versão definitiva.

Depois de 5 meses do modo já lançado, nota-se na comunidade que a febre pelo lançamento do PvP já esfriou. O modo que poderia reviver e, talvez, fazer com que Pokémon GO obtivesse o mesmo sucesso de seu lançamento, não teve fôlego para manter-se popular por um tempo considerável. Mas pensando em retrospectiva, o que poderia ter sido feito de diferente?

Em primeiro lugar, o método utilizado nas batalhas poderia ter sido completamente distinto deste que chegou ao jogo. É compreensível que a Niantic tenha deixado o modo simples a fim de fazer com que ele funcionasse na maior quantidade possível de dispositivos móveis, desde os mais simples até os mais poderosos. No entanto, sabendo que os jogos da franquia principal apresentavam um forte aspecto de estratégia, a empresa poderia ter feito com que esse ponto fosse mais destacado em Pokémon GO. Nota-se, neste quesito, que as mecânicas do escudo durante a batalha foram uma tentativa mínima de criar esse foco - mas é claro que, comparado aos jogos originais, isso é apenas uma gota no oceano em relação à estratégia de batalha.
O que precisa ser dito é que, de certa forma, o método escolhido a ser utilizado durante a batalha talvez não tenha sido o mais apropriado. Fazer com que dois jogadores disputem uma batalha PvP apenas tocando rapidamente a tela não causa o mesmo impacto estratégico esperado de Pokémon. Sendo assim, a Niantic poderia ter optado pela mecânica batalha por turnos (assim como os jogos da franquia principal), dando a oportunidade aos jogadores de escolher seu movimento e, assim, dar um foco estritamente estratégico ao jogo. O fato de que as batalhas por turno iriam remeter diretamente aos jogos principais, além disso, com certeza causaria um ar nostálgico aos jogadores mais hardcore.

Em segundo lugar, houve uma perda de oportunidade em relação à criação de um sistema de ranking e torneios para o PvP. Até hoje, não houve a inauguração de uma espécie de Lobby em que os jogadores possam entrar e batalhar online, ou alguma espécie de ranqueamento de jogadores - desde os mais fortes até os mais fracos. Isso poderia ser explorado de forma local, regional, ou até mesmo mundial.

Obviamente, nesse tópico nós temos que entender que isso exigiria uma capacidade de processamento e de servidores que talvez a Niantic não tenha. E temos que considerar, ainda, que esse tipo de sistema pode sim estar nos planos da empresa. Entretanto, passados cinco meses do lançamento da funcionalidade, talvez hoje o modo já tenha esfriado tanto que ainda assim o ranking e os torneios não fossem capazes de fazer com que os jogadores tenham interesse. Seria uma tentativa muito válida de reviver o PvP, mas talvez tardia demais.
Em terceiro lugar, outro ponto que apresentou defasagem no modo foi o método de recompensas. No modelo atual, tanto o jogador que ganha quanto o jogador que perde recebem a mesma quantidade de recompensas - e isso não é nem um pouco gratificante. Incentivar o jogador vencedor dando a ele recompensas mais significativas seria um ótimo método de fazer com que as pessoas se empenhassem para fortalecer seus Pokémon e, assim, tentassem vencer mais batalhas. Atualmente, não há sentido em se empenhar para vencer uma batalha, visto que, mesmo que perca, ambos os jogadores terão os mesmos benefícios.

Além disso, ainda no quesito de recompensas, pode-se dizer que os benefícios que os jogadores recebem atualmente não justificam seus esforços. Um valor de 300 a 500 de Poeira Estelar, uma Pedra de Sinnoh ou um Doce Raro não são recompensas gratificantes o suficiente para fazer com que os jogadores realmente se sintam motivados - o que acaba por gerar desinteresse na funcionalidade. A Niantic já demonstrou algumas vezes que está ciente disso, e, com isso, acabou por adicionar MT ataque ágil e MT ataque carregado como mais uma das opções de recompensa do modo. Outras vezes, ainda, a empresa intensificou a quantidade de recompensas do PvP durante um período específico, incentivando os jogadores a jogar o modo durante esse período.

Como forma de suprir esse ponto negativo relacionado às recompensas, a Niantic poderia passar a oferecer benefícios mais significativos. Pensem, por exemplo, em receber como recompensas por ganhar no modo PvP um ovo em que se tem mais chances de chocar um Riolu, ou, ainda, se houvesse uma chance de receber uma quantidade específica de PokéMoedas diárias. Certamente, esses seriam benefícios (não os únicos, é claro) que justificariam aos jogadores um certo esforço para que usufruíssem do modo de batalhas PvP.

Conclusão

Respondendo objetivamente à pergunta que dá título a matéria: pode-se dizer que sim, o PvP de Pokémon GO foi um fracasso. No entanto, ainda há uma luz no fim do túnel: muitos aspectos que poderiam ser explorados pela Niantic ainda não deram as caras. Caso a empresa passe a utilizar métodos mais eficazes no que diz respeito a incentivar as pessoas a jogarem o PvP, este pode se tornar um grande sucesso e se transformar, finalmente, na cereja do bolo que era esperada dele desde o ano de 2016. 

Pokémon GO já mostrou que tem muito potencial, e um deles é relacionado ao seu modo PvP. Agora, basta que seu desenvolvedor usufrua desse potencial ao máximo que puder.

Lucas Avancini

Fã desde muito pequeno, cresceu assistindo, jogando e colecionando tudo relacionado à franquia. Acredita que fazer parte de um dos maiores portais brasileiros de Pokémon no Brasil é um antigo sonho se tornando realidade, já que sempre quis desenvolver algo para contribuir com a comunidade no país. Formado em Administração pela Universidade de São Paulo e atualmente atuando no ramo de tecnologia.

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