Um formato inovador

Formas alternativas de Pokémon. Ao serem criadas, enriqueceram a qualidade da franquia. Mudando, de leve, a aparência de uma criatura, elas a tornam mais interessante, conferindo-lhe características especiais e, em certos casos, deixam ainda mais legal colecionar os Pokémon. O principal exemplo disso é Unown, um monstrinho extremamente simples (letras com olhos!), mas que se torna incrível não só pelo mistério que parece guardar, também pelo fato de que ele possui 28 formas diferentes. Os jogos Gold & Silver, seus remakes e Crystal até disponibilizavam uma Pokédex especial para ele, a Unown Dex. Nela era possível ver quais letras e sinais de pontuação (! e ?, igualmente representados por Unown) você já havia capturado.

Conheça seu Burmy:
Planta - Areia - Lixo - Hockey

Outros casos, como o de Burmy, são tão divertidos quanto o de Unown: sua forma muda dependendo do local em que batalha. Se foi em uma floresta, ele fica com uma capa de folha; se foi em uma praia ou caverna, ele ganha uma capa de areia; e se foi em algum prédio, ele se veste com uma capa de lixo. O mais legal é que isso influencia em sua evolução, se Burmy for fêmea e se tornar um Wormadam. Mas umas das minhas formas alternativas preferidas certamente são as de Rotom. Primeiro, em Diamond & Pearl, criaram o Pokémon, um fantasma bastante simples que se infiltrava em aparelhos elétricos, dando-lhes vida. Depois, baseando-se nessa peculiaridade, fizeram-lhe cinco formas alternativas, uma para cada eletroeletrônico, sendo eles um cortador de grama, um forno elétrico, um congelador, uma máquina de lavar roupa e um ventilador. Genial! Dá para perceber que, de inúmeras maneiras, as formas alternativas realmente podem deixar os jogos mais criativos. Aliás, da terceira geração em diante, os desenvolvedores da franquia fizeram com que algumas formas trouxessem novos tipos, stats, ou, pelo menos, novas técnicas aos Pokémon, influenciando na competitividade do jogo.

Na terceira geração tudo certo, já que nela foram criados apenas dois monstrinhos (Castform e Deoxys) que podem alterar sua forma. Mas, na quarta, muitos Pokémon novos (à época) ganharam essa possibilidade e, na quinta, ainda mais criaturas o fizeram. Lendários, então, nem se fala, já que há cada vez mais deles podendo mudar de forma. A pergunta é: não começa a ficar cansativo? Afinal, já virou "tradição" ter pelo menos dois lendários com formas alternativas, assim como já virou certeza quase absoluta que o Pokémon lendário que será mascote do terceiro jogo da sexta geração (assim como Giratina e Kyurem para suas respectivas gerações) terá, no mínimo, uma nova forma. E também já é praticamente certo que ela será revelada no segundo filme da temporada XY do anime, junto com uma forma alternativa de algum outro lendário novo que vai desempenhar papel importante nesse filme (tal como Shyamin, no filme 11, e Keldeo, no 15º). Além disso, quando ter outra(s) forma(s) fica comum, deixa de ser algo especial e exclusivo a alguns lendários poderosíssimos.

Sim, eu também gosto muito de mudanças de forma, mas agora já não são mais uma inovação, e já tem se tornado repetitivo tantos lendários poderem fazer isso. Ainda mais na quinta geração, em que além de Kyurem, Meloetta e Keldeo, Tornadus, Thundurus e Landorus também ganharam novas formas. E as dos quatro últimos foi bastante desnecessária, diga-se de passagem. A de Keldeo, admito, ao menos teve uma boa história por trás, que dizia que ela era o resultado dos ensinamentos que a criatura recebeu dos Espadachins Sagrados. Porém, o unicórnio, Pokémon absolutamente sem graça, manteve essa péssima condição ao "mudar" de forma, que pouco o modificou. Já com as do Kami Trio ocorre o contrário: são bastante aprováveis visualmente (melhoraram muito as originais), mas foram simplesmente atiradas na franquia, e só para promover o jogo "Pokémon: Dream Radar" e incentivar os fãs dos monstrinhos de bolso a adquirirem o Nintendo 3DS. Afinal, pouca história foi desenvolvida em torno do porquê de eles ganharem novos designs (nem mesmo suas informações da Pokédex explicam isso...). 

Por outro lado, as formas secundárias de Meloetta e Kyurem foram muito bem desenvolvidas. No primeiro, serviu para ilustrar as duas maneiras básicas pelas quais a música pode se manifestar: canto (Forma Melodia) e dança (Forma Pirueta). Já no segundo, mesmo que seja à base de fusão de Pokémon, algo certamente reprovável por fugir às essências da franquia, conseguiu deixar os jogos com ainda mais qualidade. Isso porque a história acerca de Kyurem, Zekrom e Reshiram terem sido, no passado, um só Pokémon que se dividiu em três devido a uma grande indecisão que sofria, explicou bem a fusão (voltar ao monstro original). Ou mais ou menos, já que o dragão de gelo, para voltar a ser o que era, deveria se fundir com Reshiram e Zekrom ao mesmo tempo. Enfim, desde que a "mistura" de criaturas se restrinja a Kyurem, será uma boa exceção criada pela Gamefreak.

Mas se há um problema desse excesso de novas formas, além dos explicitados anteriormente, é que elas fazem parecer que, para um lendário ser "bom de verdade", memorável, ele deve possuir, no mínimo, um design alternativo. O que os desenvolvedores dos jogos deveriam perceber é que é melhor investir em uma boa história para a criatura e torná-la única por isso, e não pelo abuso de um recurso que, um dia, foi inovador.

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Referências: Bulbapedia, pictopin.com

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