Haters gonna hate

10/08/2013 – 00:30

Estamos agora cada vez mais próximos do lançamento dos jogos Pokémon X e Y. Novas informações a respeito disso são constantemente divulgadas, bem como novos Pokémon são revelados. E sempre que isso acontece, sites de fãs e fóruns se enchem de comentários de pessoas que, mais do que apoiar ou criticar as criaturas recém-descobertas, se preocupam em abominar as opiniões alheias. Agora é minha vez. Nas linhas abaixo, vou falar sobre os comentários mais comuns, tanto de haters, quanto daqueles que se intitulam os "fãs de verdade".

Os autodenominados "fãs" dizem:

"Como você já vai criticar se nem ao menos conhece direito?"

Esse argumento é, até certo ponto, bastante válido. O mais comum é vermos pessoas criticando Pokémon novos e, algumas horas depois, voltarem atrás dizendo que "já se acostumaram" ou que "o Pokémon nem é tão ruim assim". Certo, está aí envolvido o fato de que as pessoas muitas vezes levam um 'choque' ao conhecerem novas criaturas, então já saem criticando por aí infundadamente. Outras vezes o que ocorre é que, à primeira vista o monstrinho não agrada, mas, ao serem divulgadas mais informações sobre ele, passa-se a aceitá-lo. Contudo, por outro lado, como é que se pode gostar tanto de um Pokémon recém-criado "se nem ao menos o conhece direito"? Ou seja, primeiras impressões são, sim, absolutamente naturais. Mas não custa pensar um pouco mais antes de sair falando extremamente contra ou a favor do novo por aí.

"Se não gostou é simples: não capture/não jogue"

Talvez esse seja o argumento mais comum de todos. E um dos mais furados, também. Afinal, a questão, quando não se gosta de um Pokémon, não é capturá-lo ou não, jogar o videogame ou não. Isso porque quem conhece a franquia já espera um nível de qualidade para as criaturas e, quando ele não é alcançado, surge a decepção. Como muitos têm um grande apreço em relação a Pokémon, tal decepção pode gerar certas revoltas. Numa comparação bastante chula, é como se um artista de que gostamos fizesse algo que reprovássemos. E é claro que deixar de curtir essa pessoa não fará com que ela não tenha errado.

"Ok, você não gostou. Nem por isso precisa ficar estragando a felicidade daqueles que gostaram"

Devo dizer que a felicidade dos que dizem isso tem curtíssima duração, hein! Pois, se você gostou do Pokémon, continue gostando, oras. A sua opinião não depende da de quem não achou a criatura muito "original". Assim como a sua felicidade não consegue atingir a infelicidade alheia (em relação aos Pokémon), a infelicidade dos outros não deveria mudar a sua felicidade.

"Ah, não se pode criticar, criar novos Pokémon dá muito trabalho!"

Concordo, criar novos jogos e criaturas deve dar, realmente, muito, muito trabalho. Mas também dá muito, muito trabalho juntar 150 reais para comprar um jogo (e mesmo que não se vá comprar o jogo, a crítica é sempre válida, desde que fundamentada). Além disso, na avaliação de qualquer coisa se deve considerar igualmente o tempo e habilidade despendidos naquilo e a qualidade final. Porque de que adianta passar meses e meses desenvolvendo Pokémon como Purrloin, que nada mais é do que uma segunda versão de Glameow?

"Só critica quem não é fã de verdade"

Esse, para mim, é o pior dos comentários, o mais infundado. Se para ser fã de alguma coisa eu preciso abrir mão do meu senso crítico, sinceramente, prefiro não ser fã. Acredito que simplesmente gostar seja, então, mais apropriado. Até mesmo porque o quanto gosto de algo é uma coisa que está em mim, e não precisa da avaliação de ninguém. E digo isso também porque, particularmente, já fui um daqueles que me recriminava quando achava um Pokémon esquisito demais para ser Pokémon, achando que havia um problema comigo. Não, não há.  O problema está justamente no fanatismo cego que, ademais de impedir o fã de criticar, faz com que este não possa ouvir avaliações negativas de ninguém sem se irritar.

            Os haters dizem:

"Os Pokémon estão cada vez mais sem criatividade"

Sinto muito, mas isso é um pouco, digamos, equivocado. Realmente, uma Pokébola com rosto, lançada na primeira geração, é bastante criativa... Não me entendam mal: adoro Voltorb. Isso apenas porque ele foi criado na primeira geração, enquanto eu ainda era uma criança bem pequena e não tinha lá muita criticidade, não. Hoje, então, Voltorb é mais como uma lembrança da infância do que um símbolo de criatividade, fora o fato de eu já ter, há muito, me habituado com ele. E, se na primeira geração foram criados Voltorbs, Grimers e afins, pode-se concluir que a falta de qualidade de ALGUNS Pokémon existe desde a origem da franquia. Então nada mais normal do que ainda haver certo lixos sendo criados agora, literalmente (E nada mais normal do que criticar isso: Gamefreak, aprender com os erros não faz mal para ninguém, ok?)

"Só a primeira geração foi boa"

Apesar de ser bem parecido com o argumento anterior, esse é um pouco diferente. Pois, é claro, devemos ressaltar as criaturas excelentes da primeira geração (em termos de criatividade), como Tauros, Gyarados e Lapras. Mas também podemos ver hoje que em Scrafty, Hydreigon e Eelektross também há muitíssima qualidade. O saudosismo não é muito bom, sabe? Claro, ninguém tem obrigação de gostar dos novos Pokémon, mas a superexaltação do que é antigo pode ser algo ruim na vida (falo de outras coisas, que não só Pokémon), impedindo-nos de ver o que hoje há de bom.

"Odiei esse novo Digimon... Quero dizer, Pokémon"

Hagurumon: o nosso Klink

Sim, Pokémon tem similaridades com Digimon. Ambos, assim como muitos outros animes/games, proporcionam o encontro com criaturas fantásticas baseadas em animais e objetos, e o seu treino. Ou seja, é claro que um se inspira no outro, constantemente. Mas também Pokémon não precisava pegar algumas ideias ruins de Digimon, né...

"Gostava mais de Pokémon baseados em animais. Hoje eles são inspirados em objetos e até comida!"

Na verdade, objetos estiveram presentes em Pokémon desde a primeira geração, como Voltorb. E o que faz uma criatura ser 'legal' ou não ultrapassa sua fonte de inspiração. O que me faz gostar de um Pokémon ou não é a minha percepção do quanto aquela fonte de inspiração foi 'trabalhada'. Durant, por exemplo, é baseada em um animal (formiga...), mas eu não gosto muito dele. Isso porque ele não parece um Pokémon, é uma mera formiga de armadura. Exemplos como esse, em que um Pokémon é puramente sua inspiração, sem ser muito 'trabalhado', adaptado, 'pokémonizado', são os que desagradam muita gente (olha o Vanilluxe aí!). Por outro lado, quando olho para Chandelure, baseado em um objeto (candelabro), eu o aprovo, pois percebo que este foi bastante modificado e que ao mesmo tempo deixa clara a inspiração de onde surgiu.

O bom, então, é ter senso crítico equilibrado, para que não se critique nem de menos, nem de mais. Ou pelo menos, se algum desses extremos for atingido, que se tenha argumentação válida para tanto. Mas o fundamental é saber respeitar as opiniões de quem gosta ou não gosta, sem "detonar" aqueles que não compartilham dos nossos pontos de vista.

------------------------------------------------------------------------

Referências de imagens: youtube.com/user/PokemonChannel23, google, tumblr. Para referências de cada imagem, clique sobre ela.

A coluna acabou, mas a discussão está só começando! Vamos debater sobre o tema pelos comentários? ^^

Nota: Algumas horas após a publicação dessa coluna, muitos comentários já apareceram, vários me xingando, inclusive (pelo que os moderadores de comentários me contaram). Quero ressaltar que não estou criticando quem gosta/não gosta de determinados Pokémon, apenas critico opiniões extremistas e infundadas e mostro algumas opiniões de que eu, até certo ponto, também compartilho. Quero igualmente ressaltar que gosto muito de Pokémon, muito mesmo, mas nem por isso gosto de todas as criaturas. Quem concorda/discorda dessa coluna, por favor, comente. Contudo, tentem não usar palavrões, pois eles são censurados e seu comentário e opinião, no fim, não chegam até mim ^^

Nota 2: Esqueci de dizer, ao me referir aos "haters", que, na verdade, muitas vezes eles são apenas fãs que não gostaram de uma ou outra novidade de Pokémon. A denominação "hater" vem justamente dos fãs exagerados que (infelizmente) não admitem que a franquia seja criticada. Por outro lado, há, sim, haters "reais", que criticam todas as novidades sem terem argumentos/motivos (geralmente por serem saudosistas).

Coluna escrita por: