Crônicas de Bolso: Encanto de Fada - Gardevoir

Olá, galerinha!

E chegamos enfim a mais uma quarta-feira de Crônicas de Bolso, meu povo! Hoje eu tenho uma surpresa mais do que especial para vocês. Não, ainda não é a crônica de Halloween, a votação continua rolando! =D

Vocês já pararam para pensar como seria olhar a vida pelo olhar de outra pessoa? Descobrir o que se passa no coração de alguém, por exemplo. Bom, acredito que vocês conheçam a protagonista da história de hoje, mas será que vocês realmente a conhecem? Trago a vocês um capítulo extra da saga da fada mestiça: o diário de Gardevoir! =)

Vocês vão desvendar os mistérios das páginas do diário da imperatriz das fadas. Será que existe um Encanto de Fada por trás da maldade? A trilha sonora de hoje é a mesma que ela ouviu ao escrever em seu diário: o silêncio.

***REPOST EM 09/03/2017 DEVIDO AO CONCURSO DE DESENHO***

O que se passa no coração dos outros?

   É muito fácil julgar alguém por fora, sem saber o que se passa em seu interior. Da mesma forma, é mais fácil resolver os problemas dos outros do que os seus próprios. Empatia é o que torna alguém capaz de sentir com o coração do outro e se por em seu lugar. Na dúvida, julgue as ações e não quem as comete.

Encanto de Fada: Gardevoir



   Sinto que sou como a água de um rio, ora calma e ora bravia. A cada dia que passa, vejo-a mais presente em mim. É como se toda a minha dor fosse como a sujeira de um rio, que vem à tona quando a água é remexida...
   Não tenho muito tempo hoje, Clefable e as demais fadas do Conselho logo chegarão para mais uma reunião exaustiva. Eu gostaria de apreciá-las com o mesmo apreço que todas sentem por mim. Elas confiam em mim, mas eu não confiaria em mim mesma.
   Sei que muito tempo já se passou, mas eu continuo a sentir como se um buraco negro ocupasse o lugar do meu coração, um imenso vazio e nada mais que isso... Também lamento não ter mais com quem compartilhar meus sentimentos, sinto o peso de carregar o Reino todo em minhas costas. Maldita profecia!
   Queria que houvesse paz novamente, dentro de mim e no Reino também. A desgraçada da Mawile conseguiu fugir, agora é questão de tempo até que a guerra comece. Mawile... eu a odeio e não sei dizer o porquê, não queria odiá-la. Você sabe que eu não sou assim, não sabe? Às vezes, sinto como se eu tivesse me perdido de mim mesma...
   Outro dia, estive passeando pelo parque e notei que uma rosa murchou quando eu me aproximei. É lógico que eu disfarcei, mas não posso negar que aquilo me abalou profundamente. Já faz algum tempo desde que as flores pararam de brilhar perto de mim, eram sempre azuis, amarelas, cor-de-rosa ou brancas... mas não mais. Eu devia ter me contentado quando elas se tornavam vermelhas ou negras, mas que ironia! Agora elas simplesmente morrem ao me ver... Que tipo de sinal será esse?



   Eu ainda tenho vergonha de admitir, mas não são apenas as flores que tomaram cores diferentes, eu também o fiz. Volta e meia, me pego a observar minha Gardevoirite, ela parece estranha. Meu vestido branco ainda está com aquelas manchas escuras nele, sei que faço coisas horríveis quando ele se torna negro. Até meu corpo fica frio, até meu olhar muda. Já ouvi comentários de que estou ficando louca ou que pareço ser duas em uma só... tenho medo de ser algo que não sou.
   Ainda me lembro da primeira vez em que isso aconteceu. Tudo ainda era tão recente... Eu não queria fazer mais nada, ficava trancada em meu quarto e todos me olhavam com pena. Eu, que sempre fui a melhor aluna, a mais sábia e a mais forte, agora era vista como uma coitada. Acho irônico como aquele dia se tornou o pior da minha vida...
   Só havia raiva e rancor em mim, eu não aceitava, eu juro que eu tentei e você sabe disso, mas eu não conseguia aceitar os fatos. Por que os inocentes pagam pelos erros dos impuros? De um jeito ou de outro, aquilo também atravessou meu peito. Eu jurei me vingar...
   Pesquisei em todos os textos antigos uma forma de reverter os acontecimentos, mas não se pode mudar o passado. Eu posso me teletransportar, consigo abrir portais para a ilha dos dragões e até evoluo por conta própria, mas nenhum poder nesse mundo consegue me livrar dela.
   Ela... é assim que eu me refiro a mim mesma quando não sou eu. Quando me sinto mal, ela consegue tomar conta de mim e a única coisa que me acalma é lutar contra os nossos inimigos, destruí-los para que ninguém no Reino sofra...
   Eu ordenava que Mawile fosse trancada no sótão ou no porão para evitar que eu mesma a matasse. Ainda não entendo como eu conseguia ter compaixão por ela... não, não era compaixão. Eu simplesmente não queria que ninguém soubesse que havia sido eu.



   Eu não suportava a ideia de ferir os outros, mesmo que fossem monstros impuros que atacassem meu povo. Eu não sou isso, não sou como eles, eu não faço mal a ninguém! Eu só... não consigo me controlar, eu sinto uma vontade desesperada de proteger quem me ama, eu sou responsável por todos aqui. Eu sou a imperatriz das fadas.
   Talvez eu esteja assim porque fracassei em minha vingança ou porque eu não consegui lidar com os fatos sozinha. Mas teria sido diferente se eu tivesse matado aquele verme? Duvido muito... já não tenho mais certeza de nada.
   Talvez eu busque destruir os maus como forma de me redimir por não ter conseguido matar aquele infeliz, quem sabe? Só sei que não há mais espaço para nada no meu coração, pois ou eu sinto ódio e perco o controle ou me sinto culpada pelo que fiz...
   Queria tanto que todos os meus problemas se resolvessem em um passe de mágica. Pronto, acabou de cair a minha primeira lágrima hoje, mais uma página molhada no meu diário. Falando nisso, ainda não sei por que motivo eu escrevo, talvez eu esteja ficando louca mesmo. Não sei, mas tenho a impressão de que só você lê o que eu escrevo...



   Ontem eu me transformei mais uma vez, confesso. Não me lembro de muitos detalhes, mas tenho alguns lapsos de memória, imagens desconexas me vêm à mente. Lembro de me admirar em frente ao espelho, meu vestido negro era deslumbrante e impiedoso.
   Creio que eu deva ter fugido pela janela e vagado como uma sombra pela noite. Também me lembro de ter visto alguém atacando a casa dos Slurpuff. Um instinto violento e primitivo tomou conta de mim, eu simplesmente não podia permitir que a paz daqueles amigos queridos fosse perturbada.
   As coisas estão um pouco embaralhadas na minha mente, mas acho que eu levei aquele monstro até a floresta e o ataquei com toda a minha ira. Eu sentia prazer ao impedir que ele gerasse algum trauma aos Slurpuff, que sempre me trataram com carinho. Ele já estava no chão, mas eu ainda lhe lançava explosões lunares. Era tão ameaçador e se tornou tão indefeso... imóvel.



   Já estava quase amanhecendo quando voltei para o grande carvalho dourado, acho que desmaiei de tão cansada que estava. Gosto do poder e da agilidade que minha evolução me traz, mas o preço é muito alto e não sei se estou disposta a pagar. Na verdade, eu negaria esse poder a todo instante se isso trouxesse a minha paz de volta, mas é mais forte que eu...
   Hoje eu vi os Slurpuff preparando doces para um almoço coletivo, eles estavam tão felizes e se sentiam tão bem por poderem compartilhar doces com todos no Reino. Aquilo acalmou meu coração de algum modo, sei que impedi algo ruim e eles nem imaginam o que aconteceu na noite passada. Será que eu estou certa?
   Eu não consegui me vingar, meu coração sangra, mas eu faço bem às pessoas, eu sou uma boa menina. Por que será que só eu devo sofrer sozinha? Eu me sinto egoísta às vezes, eu reprovo tanto as minhas atitudes que já não sei mais o que fazer. Eu acordo e vou dormir com o mesmo peso e por dias a fio, eu não aguento mais essa tortura...
   O mundo é tão injusto, eu queria poder reescrevê-lo à minha maneira. Mesmo que eu não possa fazê-lo, queria poder compreender o que é isto que faz com que os bons paguem pelos maus, talvez aceitar me traga a paz que há muito tempo perdi...
   Só sei que a única coisa que eu quero é proteger meus irmãos e irmãs, cuidar de nosso Reino. Se eu puder trazer a paz que me foi tirada, creio que eu possa continuar sã. Acho que eu estou ocupando o lugar de alguém, não é mesmo? Alguém precisa olhar pelos menos favorecidos...



   A floresta encantada parece não estar mais fazendo o seu trabalho também, já vi invasores perambulando por lá e alguns insetos asquerosos a habitam e eles são tão impuros. Tenho nojo dessas criaturas que habitam o mundo externo, a vida seria melhor se elas não existissem. Não sei como Mawile preferiu viver lá se é aqui onde temos um verdadeiro paraíso.
   Paraíso? É estranho pensar nisso, parece que todos vivem felizes aqui, menos eu. As criaturas vis do outro lado corromperam a pureza do nosso Reino, nós não sabíamos o que era o sofrimento e era bom assim. O que me conforta é saber que eu já tenho um plano e eu vou vencer esta guerra custe o que custar.
   Só de pensar que eles serão capazes de atacar as fadas, tão indefesas e gentis. Degenerados, eu não vou perdoá-los nunca! Meu coração pesa cada vez mais quando eu penso nessas coisas. Até a Clefable me disse uma vez que eu pareço andar arrastada, como se meu coração fosse uma bola de ferro que eu carregasse por todo canto, ela é bastante sensível a essas coisas.
   Estou tão confusa, não sei como agir. Quero salvar o mundo, mas não sei salvar a mim mesma. Se fui feita para ser feliz, por que permitem que eu sofra tanto? Tenho medo de pensar nessas coisas, de mergulhar em meus próprios sentimentos. Ainda tenho pesadelos com aquele dia, parece que fiquei congelada no tempo, sendo obrigada a reviver aquela dor constantemente. É pedir demais eu querer ter paz? Por que nós não podemos simplesmente viver sem machucar uns aos outros?
   Acho melhor eu parar por aqui hoje. Tenho que ser forte e demonstrar segurança, sou como terra firme para as fadas e não posso desapontá-las. Eu queria ter alguém que fosse como terra firme para mim também, mas já não espero mais nada, prefiro não criar expectativas. A minha única esperança está cochilando docemente em sua gaiola, minha chave para a vitória. Vou lavar o rosto e tentar me recompor, antes que eu fique como as flores da minha escrivaninha...



E assim termina a história de hoje...


- - - - - - -


   Alguém aí se lembra que eu comentei uma vez que a história da fada mestiça poderia "crescer para trás"? Pois então, estamos voltando no tempo e conhecendo o passado da Gardevoir! A saga da Mawile é tipo uma Blissey, né? Não morre nunca! xD

   Então, pessoal, a votação da crônica de Halloween continua, a disputa está entre Delphox e Gourgeist, com vantagem para a abóbora. Coitado do Houndoom, acho que ninguém votou nele. =P

   Ah, sim! Gostaria de avisá-los que as Crônicas vão deixar de ser semanais para serem quinzenais temporariamente. Eu disse temporariamente, não criemos pânico! Calma lá! Depois tudo volta ao normal, não vou abandonar vocês, amigos! E como diria o Ash, vamos juntos para a próxima aventura! =D





10 Comentários

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  1. Uau! Esse cronica foi incrível e mais um voto para gourgeist

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    1. Fico feliz que tenha gostado! Muito obrigado pelo comentário e pelo voto! ^^

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  2. Eae Gabs o/
    Esse diário foi incrível, deu pra sentir cada grama dos sentimentos pesados de Gardevoir. Agora a entendo melhor, deve ser difícil ter medo de si mesmo. Não poder nem dormir sem ter pesadelos, chegar perto das coisas que mais gosta e elas morrerem na sua frente.
    Então podemos dizer que, a Gardevoir que conhecemos na Guerra era a Darkvoir, mesmo antes da MegaEvo??? Pelo que eu entendi, Ela tem dupla personalidade e quando ela usa a MegaEvo, Darkvoir assume o controle total.
    Bom, agora entendo ela melhor, já não tenho mais ódio por ela. Mas suas ações na guerra ainda são muito cruéis, mesmo antes de Darkvoir vir pra fora.
    Bom por enquanto é isso, até a próxima Gabs o/

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    1. Fala, LoKu-kun! =D

      Pois é, eu sempre falei que a Gardevoir era a minha preferida na história toda, não foi? xD

      Imagina como deve ser horrível ela não ter com quem se abrir depois que... aquilo aconteceu. A essência é basicamente essa, a Gardevoir vive com uma Darkvoir (eu adorei esse nome!) dentro dela. ^^

      A Gardevoir tem horror a ver as pessoas que ela ama serem feridas e ela faz de tudo (tudo mesmo) para impedir que isso aconteça, mesmo que ela tenha que fazer algo horrível e... ela "erra na mão" às vezes.

      Basicamente, a Gardevoir é uma vítima dela mesma. Só que ela acha que é a culpada. =(

      Até a próxima! ^^

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  3. Gourgeist!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. A Gourgeist tem muito mais a ver com o hallowem do que a delphox

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    1. Parabéns, seu voto foi computado com sucesso! xD

      Aliás, todos os votos. =)

      Vamos esperar para ver se quem ganha vai ser a bruxa ou a abóbora. =P

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  5. Voto na Gourgeist!

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  6. "é facil julgar os outros por suas ações, quando fazemos algo de errado não adianta se sentir mal, não adianta se arrepender. O que foi feito não pode ser desfeito, ninguem entende as razões. Voce sempre encontrara alguem para te apontar o dedo, para julgar, nos atacar e ofender, mais é quase impossivel achar alguem que entenda voce"

    " a pior ação, a pior frase, o pior ato. tudo tem um motivo bom ou mal, alguem que comete atos terriveis pode acreditar que estava fazendo o certo "

    cheguei faz pouco tempo e estou lendo a daga de mawile e essa cronica me inspirou tanto que eu dei uma de filosofo!

    amo seu trabalho gabs continue assim!

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